Fortes chuvas, mostram deficiência urbana da cidade de São Paulo
Movimento social, busca dar auxílio e acolhimento não suprido pelo governo para famílias prejudicadas
POR ISABELLY VITORINO
O governo e a prefeitura de São Paulo sempre dizem que ninguém esperava, mas há anos conhecemos os estragos que as fortes chuvas causam na cidade, principalmente na região da zona leste que em sua maioria é formada por periferias.
Nos últimos dias, famílias perderam suas casas, móveis, roupas, alimentos, e em algumas situações mais graves pessoas foram arrastadas pela força e acúmulo das águas, perdendo assim, suas vidas.
A falta de planejamento adequado é uma das causas dos constantes alagamentos que interrompem o trânsito e invadem casas, deixando centenas de famílias em risco, para além dos prejuízos financeiros.
Trabalhadores voluntários do MAB (Movimento de atingidos por barragens) há anos seguem na luta, reivindicando os direitos exigindo melhorias no planejamento urbano da cidade, e suporte para as famílias afetadas pelas chuvas. “ Sempre que chove é muito estrago, sabe é de cortar o coração. Aqui mesmo na zona leste, São Miguel Paulista, em menos de dez dias teve três enchentes, as pessoas perderam muitas coisas, nem tiraram a lama de dentro de casa e veio outra enchente, é terrível. E na realidade todos são atingidos, a minha casa não entra água porque eu moro no segundo andar, mas a gente sempre é atingido de alguma forma, eu não consigo ir na escola buscar um filho meu, não dá pra sair e ir no mercado. Várias pessoas no outro dia estavam escorregando na lama. Aqui já está em alerta, as pessoas começaram a postar as ruas que estão cheias.” comenta Tamires, coordenadora do MAB.
A prefeitura de São Paulo disponibilizou kit higiene, roupas de cama e colchonetes para ajudar aqueles que perderam tudo nos últimos dias, mas infelizmente essa medida não é o suficiente, muitas pessoas agora não tem onde ficar “A gente tá preparando uma pauta, pra ver oque pode fazer. O primeiro ponto é pedir o desassoreamento dos rios e esgotos, um reassentamento para famílias atingidas, para relocar as famílias. Não tem condições mais, das pessoas ficarem nessas casas, não tem nada, perderam tudo, está tudo cheio de lama, não dá. É a triste realidade”, explica Tamires.
A cidade nunca teve um projeto para acabar com a destruição causada pelas enchentes. Agora a prefeitura de São Paulo se movimenta com a criação de planejamento urbano para expansão e reorganização da cidade.