População da zona leste teme o pior com a chegada do verão, após fortes chuvas
Rio Aricanduva e córregos transbordaram, deixaram vítimas e causaram transtornos
O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), órgão da prefeitura que monitora o clima e seus efeitos na capital paulista, informou os danos causados pelas fortes chuvas na noite de 23 de dezembro.
Após a passagem de uma frente fria, combinada com a chegada do verão, a zona leste volta a sentir as características do pico da estação que podem se agravar com o El Nino.
O El Nino é conhecido como o fenômeno que eleva as temperaturas no pacífico e desregula as estações do ano nos hemisférios norte e sul. Casos extremos e atípicos como geleira milenar que derrete, incêndios florestais devastadores, além das catástrofes mais intensas como enchentes, tempestades, furacões, ciclones, frio em áreas que deveriam estar na época do calor, calor acima da média, segundo meteorologistas.
De acordo com o CGE, os temporais foram reflexo da combinação de calor e umidade, após a passagem da frente fria, que deixaram rastros de destruição e fizeram vítimas, provocando alagamentos na capital paulista. Os córregos da zona leste e o rio Aricanduva transbordaram, prejudicando a circulação de pedestres, veículos e trens que foram interrompidos desde a estação do Brás.
O temporal que caiu na capital paulista, na véspera das comemorações do natal, deixou vários bairros embaixo d’água, fechou estações de trem. Um corpo foi encontrado na manhã do domingo, dia 24, no Rio Tietê, embaixo da Ponte do Tatuapé.
Segundo o CGE, vários bairros foram atingidos por temporal com rajadas de vento de até 50 km/h na cidade de SP com alagamentos e quedas de árvores. A forte chuva, que causou transtornos, assustou moradores da região leste
Na Zona Leste, a Vila Formosa, em um trecho da Marginal Tietê, no sentido Castello Branco, foi afetada. Na mesma região, na Vila Prudente, a avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello, no sentido Sapopemba, teve acúmulo d’água, a rua Padre Viegas de Menezes, em Itaquera, ficou fechada nos dois sentidos. Na Mooca, a avenida Alcântara Machado ficou totalmente intransitável, reflexo que se estendeu ao longo da radial leste.
Arminda, trabalhadora da região de Vila Guilhermina, disse que não conseguiu sair enquanto a água não baixasse por conta do trânsito que estava parado. Ela esperava o ônibus, e não poderia chegar até o metrô Vila Matilde, onde estava
concentrado pontos de alagamentos que prejudicaram a todos na pista sentido centro na radial leste:
“Ah! prejudica, porque não dá para passar com o carro, não dá para a pessoa passar, né? ali na Vila Matilde e alaga ali. Eu sai daqui fiquei no ponto esperando era até 6h18, não veio, eu saio 5h30, porque não tinha como passar porque estava chovendo, mas eu saí daqui já era 6h18, fui até o Patriarca para pegar o metrô, porque eu moro em Guaianases. Eu desci em Itaquera e peguei o trem para poder ir para casa, ainda cheguei em Guaianases e fui embora, no dia do alagamento não tinha nem ônibus ali no terminalzinho, tava tudo parado, até abaixar”.
O CGE colocou toda a capital paulista em estado de atenção num período de três horas, a partir das 18h, já contava com 23 pontos de alagamento, sendo 18 intransitáveis. Durante o temporal, dez córregos transbordaram em diversos bairros na região leste. Foram registrados alagamentos nos córregos Água Vermelha, no Itaim Paulista, Ribeirão dos Meninos, Franquinho, na Penha, Rio Verde, em Itaquera, Rio Aricanduva, Mooca, em Vila Prudente.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que os trechos entre as estações Brás e Prefeito Saladino da Linha 10-Turquesa, e entre as estações Brás e Tatuapé da Linha 11-Coral, foram interrompidos por conta de alagamentos na via, e foram normalizados.
Segundo o Corpo de Bombeiros, na Grande São Paulo, na mesma noite, houve 54 chamados para quedas de árvores, oito para desabamentos e 156 para enchentes/alagamentos. A corporação informou também que havia duas ocorrências de afogamento em curso na zona leste da cidade, sendo uma em Itaquera e outra no bairro do Iguatemi.
A equipe foi chamada para a Travessa dos Mistérios, em Itaquera, quando uma pessoa desapareceu na água ao ser levada pela enchente. No Iguatemi, na Avenida Bento Guelfi, uma pessoa teria caído na água depois de ficar apoiada sobre um objeto. Já no local não foi encontrada nenhuma vítima.
Segundo moradores da região, o Rio Aricanduva não teve sua vazão suportada por novos piscinões, entregues em 2022, eles acham também que o piscinão Rio Verde em construção nos bairros da zona leste, as drenagens de bueiros e os desassoreamentos dos córregos anunciados pelas gestões das subprefeituras não dão conta da água.
Algumas pessoas lembraram da manifestação após os alagamentos e enchentes com queima de pneus na Radial Leste, altura do bairro Arthur Alvim. De acordo com munícipes, as obras propagadas pelo prefeito, vereadores e seus subprefeitos, não
amenizaram as catástrofes já sentidas e que castigam a população da região por décadas.
Reportagem: Márcia Brasil
Fonte: CGE / Prefeitura de São Paulo Imagens: Márcia Brasil e redes sociais