Em 2024 a comunidade do Hip Hop comemora 51 anos desde o nascimento do ritmo.
A música, que ainda expressa a voz das comunidades de São Paulo, ajudou a dar voz, e abrir caminho para jovens da periferia.
Com mais de 50 anos de existência, o Hip Hop comemora toda a luta e conquistas que foram celebradas ao longo de seu desenvolvimento pelas ruas das periferias do Brasil. Em São Paulo, o ritmo dita a voz e denuncia a realidade daqueles que por muito tempo, jamais puderam ser ouvidos fora de seu círculo social.
Hoje, estilos como funk e trap, são amplamente explorados na periferia, e tem ganhado bastante repercussão no cenário musical nacional, principalmente entre os jovens. Cada ritmo tem uma maneira diferente de descrever os fatos e costumam representar diversas áreas do cotidiano e dos sonhos das pessoas das comunidades. Mas antes de todos estes gêneros entrarem em evidência tão fortemente, o ritmo que representou e ainda representa a comunidade e a realidade da periferia há muitos anos, é o hip hop. O rapper Crônica Mendes, em entrevista a um podcast da rádio Dalila FM, comentou sobre a importância desta expressão para a comunidade.
“Foi a via da cultura que veio para legitimar o meu papel enquanto cidadão, enquanto pessoa, enquanto ser humano e enquanto moleque preto de periferia do interior de São Paulo, o Rap me veio desta forma, como uma válvula de escape de timidez, e da questão de não conseguir socializar, de não conseguir me conectar com o universo ao meu redor, por muitas vezes não aceitar aquele universo também, e só através do rap que eu consegui entender esse processo, esse preconceito, essa perseguição”.
E o ritmo que ecoa nas comunidades paulistanas, completou, 50 anos de existência, neste período, as batalhas de rima, as batalhas de dança e o grafiti, englobados no hip hop, se tornaram expressões que denunciam o racismo, a desigualdade, a violência, a pobreza e a injustiça sofrida nas comunidades. Daniel Garcia, que cresceu na favela, relata como se sentia representado pela música.
“O rap me trouxe muita representatividade, da minha situação desde menino morando na favela do Divineia, a gente conseguia ver muitos problemas, e me representava muito nesse aspecto de faltar as coisas, e a gente ter que buscar outras oportunidades, ou buscar outros meio de conquistar as coisas por não ter um fácil acesso”.
O estilo músical e cultural, surgiu em meados da década de 1970, com grupos latinos e negros das periferias de Nova Iorque, nos Estados Unidos. A música se tornou a expressão das ruas, do gueto, que representa uma realidade por muito tempo oprimida, e calada, e que através do som, ganhou voz no meio social. Assim, a expressão ganhou força internacionalmente, e chegou a São Paulo, abraçando e inspirando jovens da comunidade, a se expressarem e a contarem pro mundo a sua realidade por meio da arte.
A Central de Notícias da Rádio CAMINHO PARA A VIDA é uma iniciativa do Projeto “A PRODUÇÃO JORNALÍSTICA DA PERIFERIA”. Este projeto foi realizado com o apoio da 7ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.
Os conteúdos ditos pelos entrevistados não refletem a opinião da emissora.